quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A PRIMA DE UM AMIGO MEU


Um grande amigo meu tem uma prima. Uma pessoa relativamente comum, com algumas peculiaridades raras , como qualquer um de nós.Essa prima desse meu amigo namorava com um rapaz desde a adolescência.Primeiro beijo, primeiro homem , primeiro amor, primeiro tudo.Ela, encantada, inebriada com Eros e suas artimanhas ignorava a existência do reverso de tudo, da perecibilidade de tudo. Eles passaram juntos uns 8 anos e toda a adolescência. Ele era mais racional, mais decidido, e ela o inverso.Isso era bonito de se ver porque os dois se complementavam de certa forma.Todos tinham uma certa-secreta -inveja daqueles dois.Todo mundo achava que iriam se casar e fazer todas aquelas coisas que pessoas bem casadas fazem.Todo mundo os acompanhava como quem acompanha um casal-herói -de- uma -telenovela das- oito, certos de que haveria um happy end.
Só que para desespero de todos e da prima- desse -meu -amigo, o namorado- da prima -desse- meu -amigo, deu pra traz e de maneira contra -hegemônica terminou o relacionamento e resolveu enveredar por outros caminhos.As pessoas que acompanhavam, obviamente como todo telespectador , ficaram perplexas e nao entenderam a descisão. Ela ( a prima -do- meu- amigo)atônita, mesmo supondo anteriormente que o fim estava próximo, tentava resgatar, recomeçar uma relação que pereceu pelo efeito do tempo e de outros remédios amargos.
Isso me fez pensar o quão atros é o amor;Ele nos faz florir, e mostrar o melhor de nós pra depois de um certo tempo perecer e nos dilacerar.O amor por mais que seja sublime dói. E às vezes qual areia movediça nos faz permanecer estáticos e a qualquer movimento.... plac! afundamos mais um pouco.
Às vezes , em meus tolos pensamentos ,penso que o amor é crudelíssimo, porque quando acaba nos faz amar alguem que só existe na nossa cabeça. Alguem que físicamente está ausente. E sofremos por isso , por esperar por alguem que nunca chega e que nunca mais chegará..São dias a fio remoendo, lembranças , relendo cartas, revendo fotos e esperando uma volta.
A-prima -de-um -amigo-meu até hoje espera a volta deste amor. Qual Aguirre na busca insana do Eldourado, qual alguem tentando achar um pote de ouro no fim do Arcoiris.
Eu , como todo e qualquer mortal, tambem caio nessas armadilhas de Eros. Um Eros sombrio , que roubou o Elmo da invisibilidade de Hades. Sempre ando distraído e sou presa fácil .Quase sempre esse Eros Sombrio e invisível me flecha. E aí não tem outro remédio senão ir ao paraíso para depois comer a romã dos mortos e descer aos infernos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

TALVEZ

Talvez....Nunca ví ninguem começar nada por "talvez". Acho que por pura indefinição ou por puro comodismo em tomar posição, seja ela afirmativa ou negativa.O "talvez" nos protege de qualquer constrangimento, de qualquer esforço para defender uma idèia. Seria isso preguiça? Ou sería essa minha manía -de-querer-ser-britânico-e chamar-preguiça- de- flêuma. Será que a preguiça é algo mais esperançoso e menos pesado? Será que a flêuma é um sentimento eivado da certeza apocalíptica de que tudo irá acabar mal? Não tenho nehuma conclusão. Só sei que sinto as duas:às vezes, uma de cada vez, e ás vezes as duas juntas, mas sempre com essa dor... Sei lá, uma dor meio distraída, meio difusa.Acho que como tudo na minha vida. Hoje me sinto um pouco mais vital .Talvez seja um trânsito,também distraído ,de marte no meu ascendente.Hoje, talvez eu esteja a salvo das coisas que me amedrontam.Talvez....