sexta-feira, 4 de junho de 2010

RESCUE REMEDY

Desta densa viagem talvez eu não volte.Todos me perseguem, todos! Olho para as paredes e sempre tem um quadro com dois buracos nos olhos me olhando, me perseguindo.A loucura desses dias somente se compara ao estapafúrdio de dentro de mim. Ao meu tentar dar significado, me perco em avenidas, subidas, floresta, músicas, perfumes, e gestos. È como se eu tentasse reviver o que não vivi, voltar a ser o que de fato nunca fui.A solidão dói. Mas ela é inerente a esta viagem,insólita,tenebrosa e necessária.Quero partir completo, ou melhor, incompleto com o que resta de mim ou com tudo que penso que resta.
Lembro dos feixes de luz dourada, da cor perfumada, dos delírios bem-vindos. Sinto uma profusão de coisas. Desastres aéreos,tufões,memórias partidas, amores de velcro.Subo e desço ladeiras e busco nos bambuzais um Saci, uma Hamadríade, ou qualquer outro desse seres que existem em bambuzais.Quero prende-los para comprovar sua existência.Como qualquer Ser-humano necessito disso: Prender para ter certeza de sua palpabilidade.
Um dia , todos dirão Adeus. E será Adeus mesmo.De certa forma estamos sempre partindo. Aos pedaços, apodrecendo á cada dentada. Não é assim? Apodrecer não é a lógica? Então apodreço antes, mas não nasci podre como alguns. Esses tontos perigosos dotados de uma avidez para massacrar o devaneio alheio, o sonho descabido; A pretensão onírica.
Falo assim veloz, para não enlouquecer e não morrer dentro de mim mesmo.Cheiro do Tâmisa, Vauxhall, o Chá engordurado.O desespero de outras vidas que não tive. Tente quebrar meu coração, porque na verdade só tenho restos adormecidos de lexotam e ressaca de fúria contida. Tenho obrigação de conter fúrias. Par-ci-mô-nia., soletro para não esquecer que devo ter e ser a Little lamb, pronto pro sacrifício dos bons cristãos. Não sou vítima, tenho que romper com esse carma que trouxe comigo quando vim de Netuno. A sombria aura eterna de sempre-vítimas. Pisces. Sombra e desagregação. Piscina de soníferos e Cloridrato de Bupopriona. Isso sim, me salva de mim. Som-pop- sintético-fanstamasgórico de Gary Numan.
Ônibus vazio, como sempre um autismo imposto.Sombras travestidas de sorrisos ingênuos. Matar ,dá vontade. Mas nada disso. É apenas uma conjunção Plutão-Sol, fazendo com que máscaras caiam e que mudanças amedrontadoras e necessárias eclodam. A cobra morde a própria cauda, hermafrodito, Oxumaré. Adoro mitologias, elas me salvam.Fadas ,Duentes, Elfos ,Gnomos, no more. Alguém sussurra no meu ouvido algo que eu sempre soube: To Rescue, nobody never comes.