domingo, 19 de abril de 2009


STOP ME IF YOU THINK HEARD THIS ONE BEFORE


Acho muita exposição falar assim de coisas que se escondem em um dos meus porões. Coisas tão vivas e ao mesmo tempo tão antiquadas, que não tem mais razão de existir. Coisas cheias de sentimentos e emoções parcialmente mofadas, mas, ainda vivas, prestes a sair pela Aorta, fazendo o caminho contrário: Sair pela aorta e se espalhar por todo meu corpo.
Falo do Reino dos Czares,que sempre conseguem tudo que querem,Czares enlouquecidos em sua dor de ter tido e não ter mais, depostos do trono idílico do amor e do que esperam de nós e de si mesmos. Invisíveis por não conseguirem ter sido o que queriam, mas sim o que lhe foi dado.
Hoje é pra você que escrevo, Czar- de –classe- média -carioca e cheio de sonhos impossíveis e arrogantes e quiméricos. Czar que não soube bem o que fazer com seu cetro e coroa e que acabou sendo deposto e esquecido em sua própria vaidade e loucura.
Tenho lembranças desse Czar, que só eu enxergava que ele era um Czar, e que nem ele –apesar de agir e viver como um Czar - também não supunha isso. Nada reparava, a não ser sua coroa e seu cetro.
Eu mesmo reparando tudo, mesmo não entendendo tudo, o amava. Era um amor incompreensível, mas fidelíssimo e, para usar o superlativo, crudelíssimo também.
Sinto sua existência, ainda que parasitária, vivendo arfante a pular entre a minha mitral e o meu ventrículo esquerdo. Mas eu prefiro os porões, os calabouços, os órgãos inacessíveis. Eu em minha banalidade não consigo fazer com que ele fique preso em meus poros cardíacos. Talvez por ser da natureza dos Czares aparecer abruptamente, não para assombrar, mas para doer, para mostrar o quanto dói impossibilidade de reinar junto com ele, de ser protegido por sua Capa macia.

Chove lá fora, e a sua impossibilidade pretérita me dói. Mas, estou seguro em minha torre de mármore. Altíssima & inacessível. Ouvindo, completamente entorpecido de tudo, Imaginary love na voz de Rufus Wainwhrite, até que eu durma e sonhe com Dragões.

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